|


III - Ensinar a Condição Humana
     O Ser Humano é um só tempo, físico, biológico, psíquico cultural,social,histórico.  Esta unidade complexa na natureza humana é totalmente desintegrada na educação por meio das disciplinas, tendo-se tornado impossível aprender o que significa ser humano. É preciso restaurá-la,de modo que cada um,tome conhecimento e consciência,ao mesmo tempo,de sua identidade complexa e de sua identidade comum a todos os outros humanos.
Enraizamento/desenvolvimento do ser humano.
     A Educação do futuro deverá ser o ensino primeiro e universal,centrada na condição humana conhecer o humano é,antes de mais nada,situá-lo no universo e não separá-lo dele.Todo o conhecimento deve contextualizar seu objeto para ser pertinente,quem somos?É inseparável de “onde viemos”,para onde vamos?interrogar nossa condição humana implica questionar nossa posição no mundo,para educação do futuro.
O Humano do Humano
     O homem e o humano se encontram anelados e três circuitos fundamentais para sua vida enquanto ser e enquanto pessoa
_ O Circuito cérebro/mente/cultura;
_ O Circuito razão/afeto/pulsão,
_ O Circuito Individual/sociedade/espécie.
     Cabe à educação do futuro cuidar para que a idéia de unidade da espécie humana não apague a idéia de diversidade e que a diversidade não apague a unidade.
IV – Ensinar a identidade terrena
     O Destino planetário do gênero humano é outra realidade,até agora ignorada pela educação.O Conhecimento dos desenvolvimentos da era planetária,que tendem a crescer no século XXI,e o reconhecimento da identidade terrena,que se tornará cada vez mais indispensável a Cada um e a todos,devem converter-se em um dos principais objetos da educação.
     Convém ensinar a historia da era planetária,que se inicia com o estabelecimento da comunicação entre todos os  continentes do século XVI,e mostrar como todas as partes do mundo se tornaram solidarias,sem,contudo ocultar as  opressões e a dominação que devastaram a humanidade e que ainda não desapareceram.Será preciso indicar o complexo de crise planetária que marca o século XX,mostrando que todos os seres humanos,confrontados de agora em diante aos mesmos problemas de vida e de morte,partilham um destino comum.
A Contribuição das contracorrentes
     O Século XX deixou como herança contracorrentes regeneradoras. Frequentemente,na historia,contracorrentes suscitadas em reação ás correntes dominantes podem se desenvolver e mudar o curso dos acontecimentos.Devemos considerar,como movimentos importantes e atuantes:
- a contracorrente ecológica que,com o crescimento das degradações e o surgimento de catástrofes técnicas/industriais,só tende a aumentar;
- a contracorrente qualitativa  que,em reação à invasão do quantitativo e da uniformização generalizada,se apega à qualidade em todos os campos,a começar pela qualidade de vida;
- a contracorrente da resistência à vida prosaica puramente utilitária,que se manifesta pela busca da vida poética,dedicada ao amor,à admiração,à paixão,à festa;
- a contracorrente da resistência à primazia do consumo padronizado,que se manifesta de duas maneiras opostas:uma,pela busca da intensidade vivida(consumismo);a outra,pela busca da frugalidade e temperança (minimalismo);
- a contracorrente,ainda tímida, de emancipação em relação à tirania onipresente do dinheiro,que se busca contrabalançar por relações humanas e solidarias,fazendo retroceder o reino do lucro;
- a contracorrente,também tímida,que,em reação ao desencadeamento da violência,nutre éticas de pacificação das almas e das mentes.
V - Enfrentar as incertezas
     As ciências permitiram que adquiríssemos muitas certezas, mas igualmente revelaram, ao longo do século XX, inúmeras zonas de incerteza. A educação deveria incluir o ensino das incertezas que surgiram nas ciências físicas (microfísica, termodinâmica, cosmologia), nas ciências da evolução biológica e nas ciências históricas.
     Será preciso ensinar princípios de estratégia que permitiriam enfrentar os imprevistos, o inesperado e a incerteza, e modificar seu desenvolvimento em virtude das informações adquiridas ao longo do tempo. É preciso aprender a navegar em um oceano de incertezas em meio a arquipélagos de certeza.
     A fórmula do poeta grego Eurípedes, que data de vinte e cinco séculos, nunca foi tão atual: "O esperado não se cumpre, e ao inesperado um deus abre o caminho". O abandono das concepções deterministas da história humana que acreditavam poder predizer nosso futuro, o estudo dos grandes acontecimentos e desastres de nosso século, todos inesperados, o caráter doravante desconhecido da aventura humana devem-nos incitar a preparar as mentes para esperar o inesperado, para enfrenta-lo. É necessário que todos os que se ocupam da educação constituam a vanguarda ante a incerteza de nossos tempos.

VI - Ensinar a compreensão
     A compreensão é a um só tempo meio e fim da comunicação humana. Entretanto, a educação para a compreensão está ausente no ensino. O planeta necessita, em todos os sentidos, de compreensão mútua. Considerando a importância da educação para a compreensão, em todos os níveis educativos e em todas as idades, o desenvolvimento da compreensão pede a reforma das mentalidades. Esta deve ser a obra para a educação do futuro.
     A compreensão mútua entre os seres humanos, quer próximos, quer estranhos, é daqui para a frente vital para que as relações humanas saiam de seu estado bárbaro de incompreensão. Daí decorre a necessidade de estudar a incompreensão a partir de suas raízes, suas modalidades e seus efeitos. Este estudo é tanto mais necessário porque enfocaria não os sintomas, mas as causas do racismo, da xenofobia, do desprezo. Constituiria, ao mesmo tempo, uma das bases mais seguras da educação para a paz, à qual estamos ligados por essência e vocação.
As duas compreensões
     Há duas formas de compreensão: a compreensão intelectual ou objetiva e a compreensão humana intersubjetiva. Compreender significa intelectualmente apreender em conjunto, comprehendere, abraçar junto (o texto e o seu contexto, as partes e o todo, o múltiplo e o uno). A compreensão intelectual passa pela inteligibilidade e pela explicação. Explicar é considerar o que é preciso conhecer como objeto e aplicar-lhe todos os meios objetivos de conhecimento. A explicação é, bem entendido, necessária para a compreensão intelectual ou objetiva.
     Mas a compreensão humana vai além da explicação. A explicação é bastante para a compreensão intelectual ou objetiva das coisas anônimas ou materiais. A compreensão humana comporta um conhecimento de sujeito a sujeito. Por conseguinte, se vemos uma criança chorando, nós a compreendemos, não pelo grau de salinidade de suas lágrimas, mas por buscar em nós mesmos nossas aflições infantis, identificando-a conosco e identificando com ela. Compreender inclui, necessariamente, um processo de empatia, de identificação e de projeção. Sempre intersubjetiva, a compreensão pede abertura, simpatia e generosidade.
Educação para os obstáculos à compreensão
     Há múltiplos obstáculos exteriores à compreensão intelectual:
- o "ruído" que interfere na transmissão da informação, criando o mal-entendido e ou não-entendido;
- a polissemia de uma noção que, enunciada em um sentido, é entendida de outra forma;
- há a ignorância dos ritos e costumes do outro, especialmente os ritos de cortesia, o que pode levar a se ofender inconscientemente ou desqualificar a si mesmo perante o outro (diversidade cultural);
- existe a incompreensão dos valores imperativos propagados no seio de outra cultura - respeito aos idosos, crenças religiosas, obediência incondicional das crianças, ou, ao contrário, em nossa sociedade, o culto ao indivíduo e o respeito às liberdades;
- há a incompreensão dos imperativos éticos próprios a uma cultura, o imperativo da vingança nas sociedades tribais, o imperativo da lei nas sociedades evoluídas;
- existe a impossibilidade, enquanto visão de mundo, de compreender as idéias e os argumentos de outra visão de mundo, assim como uma ideologia/filosofia compreender outra ideologia/filosofia;
- existe, enfim, a impossibilidade de compreensão de uma estrutura mental em relação a outra.

VII A Ética do Gênero Humano
     Morin diz que,o destino planetário do gênero humano é ignorado pela educação.A educação precisa ao mesmo tempo trabalhar a unidade da espécie humana de forma integrada com a idéia de diversidade deve estar presente em todas as esferas.











     O Texto fala sobre,os sete saberes necessários à educação do futuro,e sua importância e dimensão na educação.
     Se desenvolveu no século XX e XXI o conhecimento pedagógico dando ênfase aos novos horizontes, cabendo à educação a missão ética de buscar e trabalhar uma solidariedade renovada que seja capaz de dar novo alento à luta por um desenvolvimento humano sustentável.
     Esses saberes são indispensáveis frente à racionalidade dos paradigmas dominantes para uma visão abrangente da realidade.
     Esclarecendo o conteúdo, tanto para educadores, como para outros membros da sociedade.


















Os Sete Saberes Necessário à Educação do futuro


Morin, Edgar – Os sete saberes necessário à educação do futuro  3ª ed – São Paulo – cartez;Brasília,DF UNESCO,2001.


     Em 1999, a Unesco solicitou ao filosofo Edgar Morin – nascido na França em 1921 e um dos maiores expoentes da cultura francesa no século XX – a sistematização de um conjunto de reflexões que servissem como ponto de partida para se repensar a educação do século XX.
     Os sete saberes indispensáveis enunciados por Morin,objeto do presente no livro:
                                                    
__As cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão.
­­__Os Princípios do conhecimento pertinente;
__Ensinar a condição humana;
__Ensinar a identidade terrena;
__Enfrentar as Incertezas;
__Ensinar compreensão;
__ A ética do gênero humano;




0 comentários:

Postar um comentário

 

©2009 Trabalhos de Faculdade | Template Blue by TNB