Namoro, compromisso de quem?De quê?

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Namoro, compromisso de quem?De quê?

“Fala-se tão pouco em namoro nos últimos dias de hoje!Por outro lado,é um desejo de todos os jovens ter um namorado ou namorada.Ninguém quer ficar sozinho.O que mais se ouve falar é em ‘ficar’.Essa relação não traz nenhum suporte para o conhecimento mutuo e muito menos para um ‘vinculo afetivo’.”

S
omos seres humanos,necessitamos de vínculos afetivos.Vinculo com a mãe,com o pai,irmãos,irmãs,amigos e principalmente com um Parceiro ou parceira.É sofrido viver sozinho neste mundo.Diria que quase impossível!

          Para sermos  aceitos pelo mundo,precisamos ser aceitos por alguém.E quando adultos,precisamos ser aceitos por “alguém em especial”.Não somos ninguém sem “um alguém”.Sempre foi assim.A forma de buscar esse alguém mudou de uns tempos para cá: primeiro “ficar”,depois namorar.
          Se por um lado “ficar” faz parte da liberdade de relacionamento do jovem de hoje,por outro,se não houver expectativas e fantasias exageradas,pode ser o primeiro passo do namoro.
CRIAR VINCULOS E COMPROMETER-SE
          Namoro,no entanto é compromisso.Compromisso de quem,de que? De se propor a conhecer melhor alguém que você está “encarando” como especial,que mexe com seus sentimentos,dá vontade de ficar junto,que lhe dá animo para viver seu dia-a-dia;energia para fazer o que tem que ser feito e ser aceito pelo mundo, alem de uma forte atração sexual,natural entre um homem e uma mulher.
          O namoro tem fases que os namorados vivenciam de uma forma inconsciente. Essas fases se perpassam ou predominam em momentos diferentes,por isso há tantos  rompimentos,tantas frustrações e dificuldades com os vínculos.
          A Primeira fase  é extasiante,porque nela só se vêem os “its”,as qualidades do outro,aquilo que nos harmoniza,que nos dá afinidade com aquela pessoa.É complementar.
          A segunda fase é onde se dão os rompimentos,pois nela percebemos os defeitos  do outro, “vão caindo as fichas”,vão se percebendo os pontos de discordância,as diferenças individuais,os opostos entre ambos.
          A terceira fase é a que se chama de “afinação”. Assim como se afina um instrumento para emitir um som harmônico,precisa-se afinar nossa relação com o outro para ela se tornar harmônica e recíproca. É aí que acontece o contato de ressonância,a verdadeira relação amorosa.
          A quarta fase  é a da “tentativa de posse um do outro”. É o momento de descobrirmos os “mecanismos de defesa” que usamos para ter um alguém,principalmente a fixação e a rejeição.Se nos fixamos,somos apegados,isso não é amor. Se somos rejeitados,a tendência é rejeitar também ,isso é aversão.Também podemos desejar ser amados,mas não retribuir,na mesma intensidade,e até  sermos indiferentes com o parceiro ou parceira,porque aí o importante é ser amado e não amar.Nesta fase se dá a explosão,a absorção de um pelo outro ou a implosão (comunhão).Se houver implosão,o amor acontece – quando um consegue viver,conviver e amar o outro com suas diferenças e afinidades.Conscientizando os mecanismos que usamos,poderemos construir vínculos amorosos saudáveis.
          A quinta fase  é a de “comunhão a dois”,onde se descobre o “comum” entre os dois: desejos,metas,objetivos,sonhos.Percebe-se então as possibilidades,o valor e o prazer de crescer e viver juntos com o apoio,o respeito de um pelo oposto complementar,que é o outro.
          A pessoa amada,porem, é o símbolo,uma parcela do que realmente buscamos:o ser total,a globalidade,a plenitude,a vida mais sublime e infinita,a experiência de identificação,fusão e paz no Todo.Amar é a essência do nosso viver. Namorar é a possibilidade de realização dessa essência.

A Família muda, mas continua a base da organização social

“O tema da família é sempre muito solicitado nas pesquisas de sugestão de temas  do Mundo Jovem. É uma preocupação dos pais,professores e também dos adolescentes e jovens.A Família,portanto,continua sendo uma instituição importante e valorizada.Conversamos com a Assistente Social CLAUDIA GIONGO,que tem larga experiência em relações familiares pelo seu trabalho na clinica de terapia familiar DOMUS,na universidade Luterana do Brasil (ULBRA) e na assistência de funcionários e familiares do Banco banrisul.”
MUNDO JOVEM: Como é a família hoje, mudou? Está diferente do que há 20,30 anos atrás?
CLAUDIA GIONGO: A Família está mudada. Algumas pessoas dizem que a família está terminando. Na verdade, a família está mudando na sua configuração. Essa família que a gente concebe hoje,pai,mãe,e filho,não tem mais do que 200 anos.A Família muda sua configuração,mas seu objetivo básico,que é  adultos cuidando dos seus filhos,continua o mesmo.Isto porque as crianças,diferentes dos animais,precisam de adultos por um período muito grande,até que possam seguir sozinhos.Então,a família é adulto preservando a espécie e cuidando de suas crianças.Essas crianças vem sendo cuidadas de maneira diferente,no passar do tempo.
          Se diz que são basicamente duas funções da família: oferecer pertencimento,coisa de cuidar,dar apoio,dar comida,e favorecer que o individuo seja individuo. Portanto, ela tem essa dupla função:Pertencer e individuar. É difícil criar filhos porque se lida com estas duas funções o tempo todo.Porque nenhuma família faz um bom trabalho se não prepara o filho para o mundo.E nenhum filho vai sair para o mundo se não tiver pertencido antes.Agora,tem que ser uma família de pai,mãe e filho? Ela tem que ter pertencido a quem?Tem que ter um porto seguro.
          A criança vai tendo contenção, cuidado. Aí é que a família entra.Na Adolescência a família vai dando menos pertencimento e mais individuação,até que os filhos possam alçar vôo.
MJ: Os Pais tem mais dificuldades nessa fase da Adolescência?
          Claudia: Alguns pais tem dificuldades nessa fase da adolescência porque há pais que treinam,e treinam para oferecer pertencimento e,de repente,os filhos querem andar sozinhos.
          Existe um ciclo vital da família: se constitui,cresce e se separa.A Família começa quando acontece a escolha dos cônjuges. Se escolhem e decidem constituir a sua família.Eles tem filhos.E aí com a chegada da criança,muda a forma de funcionamento,A forma de interagir entre eles,com as famílias de origem,surgem novas regras,se vão sair ou não.Então os pais trinam durante 12,13 anos este pertencer,para que  esta crianças se sinta acolhida,cuidada. Decidem as coisas por ele. Chega uma determinada idade que os filhos querem decidir por eles mesmos.Na Adolescência esta fase do pertencimento  para a individuação fica difícil porque os pais não sabem lidar com esta individuação.Eles estão investindo no pertencimento.
          A gente diz para os pais que é normal que este período seja um pouco mais difícil,mais vai passar.Assim como no inicio,quando a criança é muito pequena,existe  a dificuldade de se saber o porque do choro,se está com dor,imaginar se está com fome,na adolescência também é um outro período em que os pais começam a aprender a lidar com este individuo.
MJ: Num mundo que descarta tantos valores,que importância tem a família?
          Claudia: Basicamente, a importância da família está em oferecer o pertencimento e favorecer a individuação. Porque quando a gente fala em cidadania, se a gente pensar cidadania enquanto pertencimento, pertencer a uma sociedade, se sentir parte de algo,ter vínculos e exercer plenos direitos,onde é o primeiro laboratório deste pertencimento? Na verdade, onde é que a gente pertence num primeiro momento? Quem te dá este sentido de pertencimento é a família. Seja ela constituída de quem for.Alguns autores falam em família pensada e família vivida.A pensada,seria aquela idealizada,com o pai,mãe e os filhos, e tudo que foge a este modelo seria ruim e  errado.De repente,uma mãe viúva,que cria seus filhos sozinha,é disfuncional só porque não tem aquele padrão. Se esta mãe sozinha oferece pertencimento,favorece que o individuo,se individue bem,como vai se dizer que não tem família?Isto não quer dizer que não se acredita numa reunião estável duradoura.Muito bom se um homem e uma mulher puderem juntos criar os seus filhos.Só que a gente sabe que no mundo contemporâneo  isso nem sempre é assim.Pense que o desafio da gente é técnico e o mesmo a sociedade aceita as famílias do jeito como elas se organizam,se constituem e aí estabeler um dialogo com esta família para ver se ela está com dificuldades ou não.Dificuldades a família vai ter sempre,mas se tiver tantas dificuldades que não está dando conta aí precisa de ajuda.
MJ: Se a gente definir família como “pensada”,as quais,quais seriam os papeis da mãe,do pai,filho?
          Claudia: Quando se fala em Família pensada, também se fala em funções definidas. O Pai,como provedor,a Mãe oferecendo mais carinho e mais cuidado.Entretanto,mudando a configuração,as funções também ficam alteradas. Do pai provedor voltado ao publico e de uma mãe nutritiva,voltada para o privado,hoje em dia,estes quadros também se confundem.no momento em que as mães passa a trabalhar fora,cada vez mais pressionadas pelo mercado,aí é oportunizado ao pai que ela exerça uma função mais nutritiva.
          Hoje em dia,o ideal seria flexibilizar mais:não ter papeis previamente determinados de que isso pudesse ser constituído pelo casal.é importante que os filhos receba normas,nutrição. Não necessariamente o pai dar uma coisa e a mãe outra mas os pais pudessem os dois compor conjuntamente o jeito de criar seus filhos.
          O maior medo de ser humano é a solidão, que é o mal do século. É triste olhar para cima, para os lados e não ter ninguém. A Criança tem que olhar para cima e ter alguém que está ali e que ela sinta: “Este me segura!” Ela precisa disto. A criança muito pequena não tem condições de responder se quer comida, se quer injeção, se quer vacina. E em relação a muitas coisas, o adulto vai exercer autoridade, respeitando as necessidades da criança. Já o autoritarismo é não respeitar a criança enquanto individuo, é se apoderar da criança, e ela passa a não ser sujeito.
“A Família muda sua configuração, mas seu objetivo básico, que é adultos cuidando dos seus filhos, continua o mesmo”

MJ: Fala-se hoje em crise de limites. Exercer autoridade ajuda nesta questão dos limites?
          Nessa idéia tão discutida, da democracia, os pais passaram a ter dificuldade: o que posso e o que não posso. Será que posso dizer não ao filho, será que posso dar um castigo? Necessariamente não precisa usar a palavra “não”,mas a criança precisa saber que tem coisas que ela pode e que tem coisas que ela não pode fazer. E quem vai dizer isso para  a criança? Alguém precisa mostrar que cuida dela.Isto é tranqüilizador para a criança saber que existe alguém que está decidindo por ela, porque ela não tem condições de decidir a respeito de algumas condições de decidir a respeito de algumas coisas. Esse é o papel de pais.
          O que acontece com  a criança,com o adolescente,quem não recebe limites? Ele olha e não vê ninguém por ele.Ele se sente só e o sentimento em relação a isto é muito negativo. É clara a função do limite,e aí os pais tem que decidir como fazer.Exercer autoridade não implica em usar da força,bater.Acho que tem jeito de conter e segurar a criança.
MJ: Tem uma idade definida em que a criança começa a participar da democracia familiar?
          Claudia: Isto depende de cada família,a partir das características da criança,das características do pai e da mãe,da cultura onde eles vivem e das relações que esta família estabelece.
          As verdades nunca são únicas no que se refere à família. É muito complexo. O casal começa a construir o jeito dele de criar o filho. Porque cada um recebeu da família  de origem um jeito diferente.E aí vem a sociedade e define que tu tens que vacinar,que o filho tem que sentar no banco de trás do caro,que tem que ir para a escola.
          Uma assistente social chamada Martinelli disse uma coisa linda: “hoje em dia as crianças não são felizes pelo que tem, elas são infelizes pelo que elas não tem.” Isto é a interferência dos elementos externos. O pai, com seus valores que trouxe da sua família nuclear, a mãe, idem, avós, tios, instituições, mídia. Então, viver em família é uma arte.
MJ: Que dica você daria para os jovens na forma de encarar suas próprias famílias?
          Claudia: Dar um credito para os seus pais. O Jovem precisa acreditar que os pais estão fazendo o seu melhor para os filhos. Penso que se nós pais, num exame de consciência diário, concluir-mos que tentamos que damos o nosso melhor, mesmo assim, vamos no deparar com problemas. Problemas vistos como crise. E é só com a crise que se muda. Então, ter problemas é normal.
          O que eu diria para os jovens: acreditem que seus pais estão fazendo o melhor que eles podem. Sejam mais tolerantes e acreditem na família porque vocês serão as famílias de amanhã. E penso que a vida em família,seja ela como for,ainda não se inventou outro jeito melhor. As pessoas se unem para cuidar dos seus filhos e para potencializar seus recursos, para favorecer que cada um fique melhor.
A FAMÍLIA DIANTE DA VIOLÊNCIA

Se a gente afirmar que o jovem é agressivo, parece que a gente estabele um pensamento linear direto. Jovem com problema: Culpa da Família.A gente tem esta tendência de culpabilizar os seus pais. Isto se chama de pensamento linear..Mas que se diz é que este é um pensamento muito simplista,porque ai a gente desconsidera todas estas outras interferências que a família sofre.Os pais não conseguem criar sozinhos os seus filhos. Há interferências no tempo todo.então uma sociedade agressiva repercute na família,certamente!Agora, dizer que os pais são culpados pela violência,eu entendo que é um pensamento simplistas,do mesmo modo que dizer que a família é a solução sobre os problemas.Penso que a família dos elementos.
          A Importância da Família reside,sim,em talvez alterar esta violência.Ela tem um papel fundamental,mas não é única . É necessário uma congregação de forças.O que eu chamei de rede: a família,a igreja,a escola, as instituições publicas,todos imbuídos nesta tarefa,penso que é possível mudar essa realidade.
          Eu vejo que as famílias estão muito isoladas. Numa família do interior,numa pequena comunidade os pais estão constantemente trocando com seus iguais,com seus vizinhos,eu vejo o pai e a mãe, numa sociedade grande,muito isolados.Os adolescentes se unem com seus iguais.Se os pais e as mães pudessem se reunir com seus iguais e trocar idéias,quem sabe se isso seria bom.
          Hoje em dia têm surgido grupos multifamiliares como uma alternativa de tratamento. São pais trocando com outros pais. Coisas boas uma mãe adolescente, por exemplo, trocar com outra mãe adolescente seus sentimentos.
           Acho que a família,em função desta exigência social,de trabalho,não tem tempo para se socializar com os iguais,com coisas que tem filhos da mesma idade.Quando os pais conseguem se socializar,e se fortalecer. E os pais fortalecidos tem mais condições de oferecer o pertencimento e dar as normas,limites.





Extraido da Revista Mundo jovem

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